O que define um grande jogo de videogame para você? Os gráficos? A mecânica? A trilha sonora? O enredo? Personagens carismáticos? O modo multiplayer? Tudo junto? O que? Você alguma vez já parou pra pensar nisso?
E já mando de cara: os gráficos estão fora dessa tríade.
O visual é importante, não tenha dúvida disso. Ele sozinho consegue vender um jogo, independente se esse mesmo jogo é bom ou ruim. Quem se lembra dos vídeos promocionais de Crysis antes do seu lançamento para PCs? Os vídeos mostravam os coqueiros caindo com tiros de fuzil, o vento batendo nas folhas, o vai-e-vém das ondas na praia, as cabanas desabando, as texturas da ilha… Veja bem, eu não estou falando que o jogo é ruim, mas Crysis está muito longe de ser uma unanimidade, e bota longe nisso. Eu conheço uma dúzia de pessoas que conseguiram jogar Crysis com aqueles gráficos estapafúrdios e mesmo assim acharam o jogo chato, repetitivo e com história meia-boca. Isso é um grande jogo?
Um exemplo hipotético e imparcial: e se Terminator Salvation tivesse os mesmo gráficos de Crysis, seria épico?
Pois é, acho que eu me fiz entender.
Os gráficos te convencem a experimentar um jogo, isso é fato, mas eles sozinhos não te convencem a jogá-lo novamente. Você fala “uau, que visual animal, vou jogar esse jogo”, mas dificilmente falaria “esse jogo é uma bosta, mas vou continuar jogando porque os gráficos são muito bons”.
Eu também gosto de jogos com gráficos top de linha, mas o que fez com que Uncharted 2, Batman: AA, Gears of War, God of War, Shadow of The Colossus, Mass Effect, Battlefield 2 (e tantos outros) fossem lembrados até hoje não foram seus gráficos, por melhor que eles sejam. Existem três coisas mais importantes a se considerar, e quando um jogo satisfaz as três ele é lembrado eternamente.
3. Carisma
O carisma de um jogo é fundamental para o seu sucesso. Jogos com histórias bem contadas prendem o jogador até o fim da trama, em busca daquele final épico e recompensador. Mas não adianta a história ser genial se os personagens ao seu redor não forem carismáticos. Jogos como Heavy Rain, God of War, Castlevania LoS, Red Dead Redemption e Mass Effect são exemplos de jogos com grandes histórias e grande personagens.
Uma boa atmosfera também influencia na empatia do jogador com o jogo, mesmo que o personagem jogável seja neutro. Por exemplo, em muitos RPGs os personagens são criados pelo jogador no início do jogo e não possuem uma personalidade própria. Acontece que alguns RPGs de tão bons que são fazem com que o jogador “compre a ideia” do jogo. São jogos que você entra no personagem, querendo ou não. Por algumas horas você sai do seu sofá e se transforma em um paladino da justiça de uma terra medieval ou em um explorador de um mundo pós-apocalíptico. Oblivion, Baldur’s Gate, Fallout New Vegas e Diablo são exemplos que nãos nos deixam mentir.
Ah sim! Carisma não tem, necessariamente, a ver com história, pois se tivesse, Pac-Man, Megamania e Rally-X não seriam jogos tão carismáticos e jogados até hoje por uma multidão de pessoas.
E o que falar dos intrépidos Mario e Luigi que todo jogo são obrigados a salvar a idiota da princesa das garras do Bowser? Alguém aqui, alguma vez na vida, já prestou atenção na história de um algum jogo do Mario?
2. Gameplay
Você sabe qual a maior virtude da série Uncharted? Não são os gráficos arrebatadores e nem os roteiros hollywoodianos dos dois jogos. Uncharted e Uncharted 2 são bons, aliás, muito bons, por causa da sua mecânica de jogo, gameplay, jogabilidade… enfim, chame do jeito que você quiser. Uncharted e Uncharted 2 são dois jogos em terceira pessoal com um controle e precisão fenomenais. A facilidade com que você anda, corre, pula, atira e se defende é fantástica!
Os gráficos e as histórias de Uncharted 1 e 2 apenas coroam a beleza que é o seu gameplay. Não se iludam! Se Uncharted não tivesse os controles que tem, não seria esse jogaço.
E o que falar da jogabilidade de Diablo, Warcraft II, God of War, Gears of Wars, Resident Evil, Civilization? Jogos eternizados no Hall da Fama dos videogames.
Quando a jogabilidade não é boa, os gráficos de última geração vão por água abaixo.
1. Diversão
A diversão é condição sine qua non para um videogame. Se você não se divertiu jogando determinado jogo, não irá jogá-lo novamente. Bem, se você estiver fazendo algum curso de sadomasoquismo pela internet, talvez continue jogando-o por um tempo.
A palavra diversão tem um sentido dúbio quando falamos em videogame, porque dizer que alguém se divertiu jogando determinado jogo não quer dizer que essa pessoa gargalhou durante a jogatina. Eu, por exemplo, me diverti bastante jogando Silent Hill e Fatal Frame no meu PS2 e não dei um sorriso sequer em nenhum dos jogos. Na verdade eu fiquei com uma cara igual o Bart e a Lisa…
A diversão é o que te faz jogar e jogar os seus jogos prediletos quantas vezes achar necessário. Diversão é:
- capotar a 300 por hora em Burnout Paradise;
- levar um puta susto em Fatal Frame;
- dar um headshot de bazuca em Borderlands;
- executar o fatallity clássico do Sub-Zero no boboca do Johny Cage;
- ter uma partida online de Fifa interrompida “estranhamente” após marcar seu quarto gol;
- descobrir como matar todos os colossi de SotC sem guia ou qualquer tipo de ajuda;
- zerar Dead Space no modo nightmare;
- zerar Double Dragon II com uma única ficha;
- conseguir pegar todas as argolas de uma fase do Sonic;
Divertir é o objetivo fundamental de qualquer videogame, quando um jogo não diverte é porque ele falhou. Sem diversão, de nada adiantam gráficos, história, jogabilidade. Diversão é o ponto máximo e quando ela é atingida o desenvolvedor do jogo sente que a sua missão foi cumprida.
E lembre-se: o que faz um jogo ser bom para você é o nível de diversão proporcionada baseado naquilo que você gosta e espera de um jogo. Reviews e opiniões de terceiros podem ajudar, mas o que importa mesmo é a sua opinião. E se você achar que Terminator Salvation é o jogo definitivo, aí é problema seu porque eu não tenho nada a ver com isso.